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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

LIE TO ME.......Texto do Comissário Aposentado Varig Bolognese

LIE TO ME

Na terça feira do apagão, que aquí no RJ ocorreu às 22:13, estava começando a assistir a uma nova série policial com esse nome, "Lie to Me", ou "Minta pra mim", na falta de tradução melhor. A série se dedica às técnicas de leitura corporal, inflexão de voz e aos vários sinais que sem saber, (e muito menos sem querer), uma pessoa mentindo emite, que sómente são percebidos por pessoas atentas ou por especialistas. Não sou, eu próprio, nem essa pessoa tão atenta e muito menos especialista. Mas não foi difícil nos dias subsequentes (e mesmo até agora) perceber, prestando mais atenção, que as autoridades ao responder a jornalistas, ainda estavam elaborando uma resposta enquanto falavam, sinal evidente que não sabiam do que estavam falando. Mais evidente, e agora trágico, que a administração do interesse público no país esteja cheia de gente que não sabe dar uma resposta objetiva, por desconhecer no fundo, a própria função que ocupa. Daí surgirem a toda hora as "verdades convenientes", aquelas que tentam geralmente tirar a autoridade "responsável" do foco das atenções e, se possível como inváriavelmente acontece, arrumar logo um bode expiatório, localizado bem longe no tempo e no espaço, dessa "autoridade" da hora.

Nós, trabalhadores e aposentados Varig/Aerus, convivemos há muito tempo com essas "verdades convenientes" saindo da boca das autoridades enquanto seus olhos, seus gestos e principalmente seus atos falam outras coisas, como na série "Lie to Me." Há quase quatro anos começaram por nos dizer que a empresa era mal administrada, mas que era essencial ao país preservá-la. Depois, que uma "moderna" lei de recuperação judicial poria tudo de volta nos trilhos, com algum custo sim, mas com todas as chances de recuperação dos empregos. Bem antes dessa época, as maravilhas nas mudanças dos estatutos do Aerus com a criação de um tal plano II, prometendo um futuro glorioso, onde havia o plano de aposentadoria dos funcionários da Varig, que por ser único não precisava do UM, para defini-lo.

Mais recentemente, os sucessivos adiamentos de um suposto acôrdo, motivados por uma infinidade de desculpas incompatíveis com a realidade vivida por quem ficou sem recursos para sobreviver, sendo a mais esfarrapada delas, o temor de uma solução para o Aerus, acabar criando um "efeito multiplicador" por outros casos semelhantes, mesmo que legítimos. Argumento cruel, usado por quem se identifica com o ministro de propaganda de Hitler Joseph Goebbels, quando dizia..."De tanto se repetir uma mentira, ela acaba se transformando em verdade."

A verdade nessa ópera toda, é aquela que está demonstrada em nossos contracheques, provando que pagamos por uma aposentadoria privada, recuperadora do calote que se produz na previdência do INSS, que não devolve ao trabalhador a aposentadoria na equivalência correta do que contribuiu como ativo. A verdade são as inúmeras e irresponsáveis manobras, praticadas pelas costas dos participantes do Aerus, que ainda esperam, sem um horizonte de solução a curto e urgente prazo.

A verdade enfim, é tratada nesse país como aquela triste personagem, numa citação do escritor austríaco, Robert Musil em seu famoso livro, "O Homem sem Qualidades". Eu apenas trocaria a palavra burrice, na frase, por maldade mesmo....

" Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem."

JC Bolognese
Comissário aposentado Varig/Aerus

Um comentário:

  1. E pelo visto vão continuar mentindo assim como a Presidente do SNA continua enganando e enrolando a todos.
    Ela também faz o seu papel com maestria.
    Diz que está confiante....Diz que estamos na reta final...Diz que está otimista.....E nada x nada se resolve.
    Também pudera ela é amiga dos homens. Aprendeu com eles.

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