Peço licença aos Sr. Ministros, Desembargadores, Senadores do nosso imenso Brasil, para acrescentar uma palavra ao texto escrito por meu colega Bolognese.
Sinto-me extremamente desencantada com o lastimável enredo final da situação dos participantes do Fundo de Pensão AERUS. Não bastassem a perda do emprego, a perda das contribuições mensais ao Fundo AERUS efetuadas durante 20 anos, o não pagamento das indenizações trabalhistas, não bastassem as humilhações sofridas na luta pela manutenção de nossos direitos constitucionais, algo que parece não sensibilizar ninguém após 3 anos e meio da venda da Varig a pessoas sem a devida qualificação para a condução do negócio, parece-me agora que chegamos ao fundo do poço pela seguinte história que venho a relatar:
- nesses árduos anos de luta, no dia de ontem, tomei conhecimento da humilhante história de um aposentado do AERUS, que, em uma passeata no centro do Rio de Janeiro pelos direitos suprimidos, relatou que diariamente pega o ônibus, utilizando a gratuidade do idoso, e dirige-se ao centro do Rio para almoçar no restaurante de R$ 1,00 criado pela Rosinha Garotinho, ex-governadora do Estado, de modo que do dinheiro da aposentadoria do INSS e do mínimo que recebe do AERUS reste algum dinheiro para auxiliar o filho que está na busca por um emprego, de modo a salvar a todos de sua família. Esse Aposentado já encontra-se em situação de deficiência alimentar, pois sua figura é magra e esquálida. Meus Senhores, isso é chegar ao fundo do poço. Parece, por estar nessa situação crítica, que esse Aposentado nunca fez nada na vida, nunca trabalhou, nunca pagou impostos, nunca contribuiu para ter uma aposentadoria digna e prover os meios de subsistência dele e de sua família. É uma história bem diferente da história dos milhões de miseráveis que recebem do Governo Federal todas as Bolsas Famílias possíveis para seu sustento. Porém, no final de sua trajetória de vida, a história desse Aposentado e as histórias dos Bolsistas se comunicam de forma trágica para aquele que tanto se esforçou, pagou, acreditou e confiou no sistema. Ele e tantos outros lesados do AERUS e ex-trabalhadores da ativa da Varig são hoje os verdadeiros excluídos do sistema, de forma perversa, e agora vivem à margem da sociedade, esperando a morte chegar. Essa é a nossa dura realidade, triste, comovente, infame, injusta. É chegada a hora, Srs.. O tempo urge. Peço, pois, humildemente aos Desembargadores que julguem com a maior rapidez possível os processos do AERUS e VARIG, pois somos idosos sem chances no mercado de trabalho, porém sedentos e famintos de reparação e justiça.
Por vossa atenção, desde já o meu muito obrigada.
Denise Diedrich
Ex-Comissária da Varig.
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