MUROS & APAGÕES
A queda do Muro de Berlim, conhecido por muito tempo como "Muro da Vergonha", comemorou seus vinte anos essa semana. Mais do que vergonha, esse muro representou o fracasso dos que se acham ungidos da missão de ditar a vida dos outros independentemente de suas vontades. Mas os muros de pedra que agridem os direitos humanos, acabam sempre derrubados pelo despertar da consciência humana. Porém, muitas vezes e em muitos lugares, essa mesma "consciência" humana, tarda demais em ter vergonha e em remover os muros virtuais que são erguidos contra os direitos de minorias, muitas vezes apenas porquê essas minorias, não têm o "glamour" de uma causa badalada. Nessa quarta feira pós apagão, vem bem a calhar a idéia de situações que não se resolvem porquê existe um apagão moral, erigindo um muro de indiferença e de má vontade, cruelmente impedindo soluções que poriam fim ao sofrimento dessas minorias.
Neste 11 de novembro, vimos a elasticidade desse muro que isola os trabalhadores e aposentados da Varig/Aerus do desfrute de seus direitos legítimos. Mais uma vez, o muro que não desaba, colocou na frente dos interesses de gente séria e trabalhadora, assuntos que deveriam envergonhar um país que se pretende estar na vanguarda da humanidade. Ainda que possa constar de algum calendário, discutir-se a ampliação do número de vereadores num país que já os tem em excesso e esquecer que os trabalhadores e aposentados da Varig estão morrendo à míngua, nos induz a pensar que estamos no mato sem cachorro em matéria de instituições. Pelo menos instituições que estejam voltadas para o que é bom e justo.
Os alemães orientais até 1989 perseguidos pela tirania soviética, arremetiam contra um muro infame em busca de liberdade e justiça, certos de que esses bens inalienáveis eram garantidos pela existencia de juízes na Berlim Ocidental de então. Nós, trabalhadores e aposentados da Varig/Aerus, depois de quase quatro anos do desmonte da empresa e intervenção no Aerus, do calote no nosso meio de subsistência, de patrimonio de anos de trabalho trocado por remédio e comida, da inúmeras "escolhas de Sofia" entre um plano de saúde e contas incontornáveis, de muitos que já deixaram este mundo onde qualquer solução já não mais importa, quando conseguimos olhar por cima desse muro de iniquidade que nos tolhe a existência digna, não conseguimos ver nenhum juiz, nenhuma justiça, que nos acolha as súplicas. A dama de olhos vendados não precisa mais tapar os olhos, pois ao remover a venda e olhar por cima desse muro como nós, notará apenas um apagão de insensibilidade e indiferença moral.
JC Bolognese
Comissário aposentado Varig/Aerus
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
MUROS E APAGÕES - Texto do Comissário Aposentado Varig Bolognese. Causa Aerus Varig
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Infelizmente a cada dia que passa os Trabalhadores da Varig ficam esquecidos e esquecidos.
ResponderExcluirUma lástima tudo isto.
Trabalhadores que lutaram e trabalharam uma vida inteira e agora são colocados a margem.
Triste, muito triste tudo isto.