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domingo, 29 de novembro de 2009

Texto do Comissário Aposentado Varig João Carlos Luz para o Grupo Lesados do Aerus.

Pessoal:
Eu também trabalho nessa linha de raciocínio de que é chegada à hora de engrossar o caldo a voz e o coro. Afinar o discurso arregaçar as mangas e partir pra luta.
Acredito que todas as frentes, que vão desde processos jurídicos, políticos, sindicais, cartas particulares etc., e tal, e demais forças que trabalham em prol da nossa causa são de extrema essencialidade. Mas, precisamos assumir o protagonismo dessa história, afinal quem são os personagens reais, não somos nós?
Sei que nessa hora é inócua a briga entre Planos, porém antes de dar por finalizado o assunto é importante que se bata na campainha de alerta, lembrando alguns desavisados do plano dois que, a água desse poço mais dia menos dias também vai secar. A esses navegantes vai o aviso; à hora é essa também. Aproveitem enquanto a mobilidade financeira lhes permite uma maior autonomia. Depois do avião no chão, vem à sobrevivência na selva, por fim, a parte que lhes caberá neste latifúndio. Quando acordar será tarde demais.

Esse nosso grupo está com aproximadamente 500 pessoas “Lesadas”, na sua maioria comissários e comissárias, está faltando Pilotos, F/ES, Aeroviários e Pensionistas.
Aviso:
Ao mais naufrago dos náufragos e aos náufragos distraídos: Não existe mais lugar para antigas categorias, e sim para LESADOS. Esqueçamos as hierarquias porque hoje somos iguais em uma só categoria, LESADOS do Aerus.

O objetivo inicial da criação desse grupo foi formar uma grande rede nacional para nos organizarmos em núcleos, ou solitariamente em qualquer que seja a cidade do Brasil e do mundo em que haja um aeroporto e um Lesado. Seja interior, ou capital haverá sempre um símbolo do nosso protesto. E que esse símbolo se torne tema em fóruns de direitos humanos, nacionais e internacionais.

Se formos 10.000, e acredito que somos muito mais, está, portanto, faltando muita gente ainda aqui nesse grupo. É necessária uma maior mobilização no sentido de aumentar a quantidade de aderência dessas pessoas que faltam. A maioria delas nem sequer sabem que existimos como grupo. No entanto, estou certo que gostariam de estar participando, unindo-se ao nosso coro e formando uma só voz.
A voz dos LESADOSDOAERUS.
É hora, portanto de trazermos mais gente aqui pra dentro.
Um exemplo curto? Só ontem tive conhecimento que há o blog dos aposentados e demitidos da Varig há dois meses no ar. Fiquei muito feliz quando dei pela existência desse blog. É isso minha gente, parabéns. E vamos divulgar.

Dias atrás, no intuito de formar um grupo que se comunicasse na mesma língua (e esse já é realidade), postei no blog do Advogado Castanha Maia uma carta aberta. Nela, deixei expostas algumas linhas de ações do que penso poder ser desenvolvidas. Embora radicais, são dentro de procedimentos legais, e por isso, julgo serem efetivas. Pois estaremos criando fatos com novos atos em cima de tudo que já há. A mídia vive de espetáculo este é um dos segredos do século. Já que é assim, podemos fazer um espetáculo real. Por exemplo, um revezamento de greve de fome. Cada três dias um grupo fica amarrados entre si no aeroporto mais próximo, de preferência em volta das pilastras centrais. Claro que haverá um grupo de apoio dando assistência, de tempos em tempos passando uma bandeja de água e fazendo uma social. Eu me proponho a ser personagem em qualquer um dos papeis.
Claro que depois haverá revezamento, sejam essas tripulações simples ou compostas. Não necessita esforço, podendo ir gente de cadeira de roda, de muletas, de almofadas, crochê, baralho, travesseiros, a paisana, fardada. Enfim, seremos quase tão persistentes quanto às mães da Praça de Maio.
Ainda tenho um velho quepe, camisa branca, sapato preto, paletó, gravata e calça azul-marinho cheirando a naftalina. Vamos deixar os aeroportos cheirando a naftalina. podemos angariar um pequeno fundo, comprar naftalinas e distribuir para passageiros e demais pessoas nos aeroportos.
Vamos acabar com as traças, esse inseto predador e infame que come o dinheiro de aposentados.
Naftalina neles.

A propósito, segue abaixo a carta que originou a criação desse grupo.
Dei uma pequena editada para diminuir um pouco, mas fiel ao seu conteúdo.

Abraço a todos
Jece


CARTA AOS LESADOS DO AERUS

Caros colegas e companheiros lesados do Aerus, por esse longo tempo que acompanhamos o desenrolar desse processo que transformou em tragédia, agonia e desespero milhares de vidas, o que obtivemos até então de concreto, além de espera e óbitos? Nesse aeroporto, devido à idade avançada de muitos, o destino de vôos agora, só para o além. Portanto, a espera pode ser fatal.

Questão de lógica:
Se há lesados, obrigatoriamente tem que haver um lesador.
Qual seu nome?

Tenho procurado ver a realidade por diferentes prismas. Pela insensibilidade das autoridades até então e, por conseguinte a iniqüidade dos resultados. Penso que é chegada à hora de se deixar o muro das lamentações e partir para ações radicais e mais efetivas, fazendo nós próprio algo também por nós. Ou seja, montar tripulações completas, simples e de revezamento, com despacho, logística, manutenção e todo o pessoal de apoio em terra. Feito isso, aterrissaremos em todos os aeroportos do país em busca do nosso direito e da nossa dignidade.

Quando falo em ações radicais, sei que o primeiro pensamento que vem a mente de muitos é o uso da violência. Nada disso. Mahatma Gandhi foi de uma extrema radicalidade, sem, no entanto, em momento algum ter deixado de agir pacificamente. Até mesmo porque na nossa idade já não teríamos mais forças físicas para ações alternativas que delas também pudessem se valer.

Nossas forças físicas se consumiram no processo produtivo em forma de trabalho, construindo a riqueza da nação e os recursos que mantêm o funcionando essa instituição chamada Estado. Instituição que tem como principal finalidade zelar pelo bem estar e pela a vida dos cidadãos que nela cumprem honestamente o seu dever, e assim deveria proceder.

Enquanto jovens, nossas forças eram gastas nas intempéries que encurtam distancias entre o tempo e o espaço, executando vôos de integração que levavam as cidades para o interior do Brasil, e traziam o interior do Brasil para as cidades. Mais tarde, a caminho do envelhecimento, essas forças foram sendo gastas entre os fusos horários e os horários confusos. Levando o país para o mundo e trazendo o mundo para o Brasil.

Testemunhos desses fatos são inúmeros e vivem por aí. Façamos se necessário uma lista, ou ninguém se lembra de memória nomes de deputados, senadores, juízes, desembargadores, embaixadores, presidentes, sindicalistas, operários, jornalistas, empresários, artistas, advogados, executivos, escritores, e outras pessoas de diversas profissões mais, transportadas em aeronaves por nós tripuladas? Muito desses possivelmente pela passagem do tempo, hoje também velhos, usufruem, creio que com justiça, suas aposentadorias. Pois foi para isso que nos preparamos também enquanto nossos corpos tinham energia e gozavam de plena saúde. Depois, foi chegando o desgaste.

Mesmo os materiais produzidos com a mais alta tecnologia de que são feitos os moderníssimos aviões, com o tempo se desgastam, ou fadigam, porque é próprio da natureza da matéria com tempo sofrer perda de suas propriedades. Nossa capacidade de trabalho, força física/intelectual diretamente ligada ao corpo, com o tempo haveria também de se exaurir quando este fadigasse.

Os aviões quando aposentam são mandados para o cemitério de Tucson no deserto do Arizona, o maior cemitério de aviões do mundo. Certamente se pudesse, seria para onde nos mandariam as autoridades brasileiras.

No entanto, a natureza da matéria de que são feitos, esqueleto, fuselagem, corpo e também o cérebro dos aviões, é diferente da nossa. A nossa, traz e guarda em si dois componentes inigualáveis por ser único do ser humano. Um é a razão, faculdade que norteia nossas ações. O outro é o espírito, força que ao contrário da força física nunca se acaba.
Portanto, meus amigos, antigos colegas, companheiros e companheiras, velhinhos e velhinhas, a velhice acumula experiências, e experiência é sinônimo de conhecimento e sabedoria. Se agora descobrimos que temos tudo isso; força, conhecimento e sabedoria, o que está nos faltando para agir? Coragem?

Quem diria que um dia, cabelinhos brancos, pele enrugadinha, quiçá, de bengala voltaríamos novamente aos aeroportos. Desta vez para acamparmos, nos revezando e fazendo greve de fome nos principais aeroportos do país, seremos ridículos e escandalosos se preciso for, acorrentamo-nos coletivamente nos aeroportos do país até que devolvam o que nos roubaram.


SERÁ QUE SONHEI?

Que não há mais espaços para estratificações hierárquicas e nem categorias, aeronautas, aeroviários e sim, LESADOS.
Quer tenha sido você, comandante, comissário, mecânico de vôo, de terra, diretor, despachante, gerente, ou motorista da Kombi.
.

SERÁ QUE SONHEI?

Em criar acontecimentos que provoquem impactos e chame atenção dos meios de comunicações, de toda a mídia e vá ecoar lá no palácio do planalto, repercutir na Câmara, no Senado, no Tribunal e na sociedade de um modo geral.
Que vamos chamar atenção de outros movimentos sociais e instituições, inclusive internacionais.
Que para ter apoio e solidariedade da sociedade é preciso que ela nos enxergue e nos ouça.

SERÁ QUE SONHEI?


Que respiramos fundo, nos insuflamos de força, desprendimento e acima de tudo coragem.
Que descobrimos que entre ficar em casa morrendo passivo, se lamentando sem dinheiro para remédio, é melhor morrer lutando nem que seja de bengala, muleta e cadeira de roda.
Que chegou a hora de nos organizarmos, nos juntarmos em grupos e irmos para os principais aeroportos do país e iniciarmos coletivamente uma greve de fome, quiçá por tempo indeterminado.
Que foi preciso chegar ao absurdo de nos acorrentarmos nas pilastras dos aeroportos para que devolvam o que nos roubaram.

SERÁ QUE ACORDAREI

Vendo essas manchetes nos jornais e telejornais do país?

Velhinhos do Brasil estão morrendo de fome.
Meteram a mão na aposentadoria dos velhinhos aeronautas e aeroviários.
Um país que rouba aposentadoria de seus velhinhos não respeita os direitos humanos.
Policia tenta arrancar a força dos aeroportos velhinhos que tiveram aposentadoria roubada e fazem greve de fome, mas estes de forma pacífica resistem bravamente.

Se por ventura depois que tiver lido o texto acima você ainda achar que estou sonhando, lembro-lhe, quase parafraseando John Lennon; se você se juntar a esse sonho, já não serei mais o único.
Para isso, criamos uma grande rede só nossa para que possamos trocar idéias online, e assim nos organizarmos melhor.
Chama-se: LesadosdoAERUS@yahoogrupos.com.br.
Junte-se a nós

Meu nome é João Carlos da Luz.
Sou Sociólogo Formado pelo Puc-Campinas-SP
Com Bacharelado e Licenciatura Plena em Ciências Socias.
Pós-Graduando em Estudos Literários pela Faculdade Anhanguera.
Sou Comissário de Vôo aposentado pela Varig, onde com o nome de JECE trabalhei por 28 anos. email: joaocarlosdaluz@yahoo.com.br

Um comentário:

  1. É por aí João Carlos Luz. Quanto mais expusermos o nosso grave problema será muito melhor. Mesmo sabendo que o nosso grupo não é participativo como gostaríamos que ele fosse.
    Parabéns pelo Grupo Lesados do Aerus.
    Comissário Aposentado Varig Paulo Resende.
    Itaipu - Niterói - Rio de Janeiro

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